Revista Derivas Analíticas - Nº 21 - Agosto de 2024. ISSN:2526-2637
A linguagem do meu inconsciente e a cidade de Nova York[1]
Jorge Assef
Psicanalista
Analista da Escola (AE)
pela Escuela de la Orientación Lacaniana (EOL),
New Lacanian School (NLS)
e Associação Mundial de Psicanálise (AMP)
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Eu estou muito grato por este convite da Lacanian Compass. É uma situação especial apresentar um texto como AE da Escola Una, nesta comunidade da qual eu me sinto parte.
Há pouco tempo, em uma videoconferência, trabalhei com vocês o tema do imaginário no último ensino de Lacan, então decidi que, nesta apresentação, eu gostaria de focar na relação entre o dispositivo de passe criado por Lacan, a posição analisante e a formação do analista. Mas eu também gostaria de localizar o modo como a língua inglesa e a cidade de Nova York entraram na minha trajetória analítica e desempenharam um papel surpreendente para sua conclusão.
Primeiro ponto: Por que o passe?
Eu não sei se vocês estão cientes de que, quase no final de seu ensino, em 1980, Lacan viajou para a América Latina pela primeira vez. Isso foi um grande evento. Analistas de língua espanhola provenientes de toda a América Latina foram a Caracas, na Venezuela, escutar Lacan em pessoa. Lacan os chamou de “meus leitores”.
O encerramento desse evento, conhecido como “Seminário de Caracas”, incluiu a fala de notáveis analistas. Dentro dessa estrutura, Jacques-Alain Miller deu uma palestra intitulada “Cláusulas de clausura de la experiencia analítica”, na qual ele relembrou que, enquanto, para Freud, a análise terminava em um impasse estrutural, o limite irredutível da castração, Lacan mostrou que era possível ir mais longe, dado que o fim da análise lacaniana, cito Miller (2015a, p. 229), “supõe a transformação do analisante em analista, a virada de uma posição para a outra”.
Miller destacou a importância para a formação analítica de conduzir a análise ao seu ponto conclusivo, e ele o fez em um território onde muitos estudaram os textos de Lacan mas não haviam ainda se dado conta da formação psicanalítica que emerge de seus ensinamentos. Lacan localizou o final de análise no centro da formação. E é por isso que o passe é fundamental.
Lembremos que Lacan fundou sua Escola em 1964, e, a partir de então, sentiu-se livre para articular a formação analítica com os princípios de uma prática renovada da obra de Freud. Três anos mais tarde, depois do Seminário A lógica do fantasma, que localiza a travessia da fantasia fundamental [fantasma] como o sinal do final de análise, Lacan escreve o texto “Proposição de 09 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola”. Esse é o momento em que ele introduz o dispositivo do passe em sua Escola.
Essa proposta muda a história da psicanálise a tal ponto que mesmo internamente à Escola Lacaniana começa uma pequena crise, porque o passe se opõe à importância do que outras instituições psicanalíticas geralmente chamariam de desenvolvimento profissional.
A proposição do passe implica que não importa quantos anos alguém passa lendo teoria psicanalítica se no seu horizonte não for levar sua experiência como analisante o mais longe possível. É claro, ter estudado psicanálise consistentemente tem um valor na formação, mas é na própria experiência analítica que está determinado o cerne da formação.
A Associação Psicanalítica Internacional (IPA), que vem desde os tempos de Freud, propôs um programa de formação: tantos anos de análise, somando tantas horas, mais as horas de supervisão, mais o programa de formação teórica. Tudo tinha que somar. Mais cedo ou mais tarde, quando um analista em formação somava aquelas horas, ele era declarado um analista.
Como podem ver, este é um percurso programado, delimitado desde o início, no qual tempo cronológico é fundamental, no qual os passos a serem seguidos são precisos, no qual a idade é decisiva.
A proposição do passe varre toda essa estrutura porque ela não é orientada pela ideia de acumulação de horas; não importa quantas horas alguém foi ao analista, mas que essa pessoa consiga demonstrar que essa análise surtiu efeitos, que mudou sua posição. Trata-se de saber se alguém pode demonstrar que a análise lhe permitiu saber o suficiente de sua própria subjetividade para evitar que ela interfira no trabalho clínico com os seus próprios pacientes.
Aqui reside o cerne da formação analítica – na própria experiência analítica – e a sua conclusão.
Uma consequência imediata dessa abordagem é compreender a diferença entre os “leitores de Lacan”, aqueles que estudam ou pesquisam a psicanálise na teoria, e aqueles que são formados enquanto analisantes.
Há muitas pessoas que citam Lacan teoricamente, utilizam-no como uma referência para seus próprios postulados teóricos, mas esse é um modo de uso da obra de Lacan que não leva em consideração que essa obra está atrelada a uma estrutura de formação, que exige o atravessamento da experiência de uma análise; sem a análise propriamente dita, ler Lacan é uma tarefa intelectual que permanece no meio do caminho.
Isso é o que Lacan quis deixar claro quando propôs o passe para sua Escola, e o que Miller quis enfatizar em Caracas, em 1980, quando Lacan desembarcou pessoalmente na América Latina.
Pois bem, quando o analista termina sua análise, atravessa o dispositivo do passe e é nomeado Analista da Escola (AE), ele tem a responsabilidade de transmitir aos outros os temas centrais da psicanálise com base em sua própria experiência. Vou tentar fazer isso agora.
Segundo ponto: Por que o passe para mim?
Enquanto eu ainda era um estudante universitário, compareci ao Seminário intitulado “Lógicas da Vida Amorosa”, na Escola de Orientação Lacaniana na Argentina. No final daquele mesmo ano, e por causa do rompimento com meu primeiro parceiro, decidi começar uma análise. Liguei para a analista responsável por aquele Seminário, porque eu presumi que ela sabia sobre o amor, que era a área da vida na qual eu mais sofria.
Meu primeiro período de análise durou onze anos, com duas sessões semanais dedicadas ao tratamento de uma histeria solidamente organizada em torno de uma demanda de amor insaciável, desenvolvida em um circuito que foi da idealização à voracidade e pela qual eu sempre terminava confirmando um “destino amaldiçoado”: os outros me deixam.
Levou-me doze anos para atravessar, para mudar aquela posição: eu me encontrava em Paris no momento decisivo. Um telefonema na hora errada desencadeou a angústia e eu decidi pedir por sessões ao meu supervisor.
Aquelas sessões esclareceram a questão principal. Eu estava contando que meu pai havia morrido quando eu tinha quinze anos de idade e que, soluçando, minha mãe me informou disso, dizendo a seguinte frase: “Papai nos deixou”. Então, eu acrescentei: o que eu mais me recordo é da imagem da minha mãe sentada sozinha no corredor do hospital chorando. Depois disso, o analista disse: “Identificado com a dor materna”.
Aquela intervenção definitivamente quebrou a fantasia de abandono; no entanto, ainda havia um lado que tinha a ver com a idealização do amor e da demanda.
Eu sabia que minha análise não estava terminada e, embora o sofrimento que havia me levado a ela pela primeira vez já não existisse, o trabalho continuava.
Eu descobri o aspecto mais interessante da minha demanda por amor vários anos depois, quando eu entendi que aquilo em que eu insistia era no gozo da pulsão de devoração.
Além disso, no decorrer da minha análise, minha prática clínica cresceu. Eu passei muitas horas no meu consultório ouvindo os pacientes, gostei muito do trabalho clínico, mas também senti desconforto. Eu fui perseguido por uma demanda superegóica por eficiência, por um impulso para entender tudo e um “furor curandis” que me fez estudar e supervisionar os casos compulsivamente.
Foi no meu segundo período de análise, já de volta a Buenos Aires, que um pesadelo encenou a gramática pulsional que organizava meu caso em torno do objeto oral e me deu acesso ao significante que nomeava o envoltório formal do sintoma histérico: “Garrapata” / “Hanger-on” [“carrapato”] (inseto parasita, muito parecido com uma sanguessuga, que se gruda a outros para se alimentar).[2]
O pesadelo também abriu o caminho, que posteriormente permitiu-me construir a fórmula da minha fantasia fundamental [fantasma]: “agarrado no outro”.
O pesadelo foi: meu companheiro estava me abraçando [“hugging”], agarrado [“hanging”] a um lado do meu corpo com uma mão e exercendo uma pressão que me causava uma dor insuportável. De repente, ele aproximou o rosto do meu e seus olhos azuis ficaram pretos. E eu acordei gritando: “ele quer me comer”.
Quando acordei, percebi que, se os olhos não eram azuis, mas pretos, eles eram meus próprios olhos devoradores, a pulsão oral estava nua através da forma escópica.
Daquele momento em diante, eu comecei a subjetivar que os dramas amorosos que sofri ao longo da minha vida não eram uma maldição do destino, mas o efeito de um gozo que, articulado ao sintoma histérico e à fantasia fundamental de um abraço devorador, afogou o desejo e arruinou todos os relacionamentos amorosos que eu tentei estabelecer.
Quando descobri a forma pela qual minha demanda de ser amado condicionava minha prática, eu comecei a ter um interesse no passe. Eu sabia que estudar e supervisionar casos era muito importante, no entanto, havia alguns aspectos subjetivos que se misturavam na minha prática clínica que não poderiam ser resolvidos daquela maneira. Havia alguns obstáculos que só seriam resolvidos levando minha experiência de análise até o fim.
Ao me deparar com o significante “Hanger-on”, pude discernir melhor como essa modalidade de gozo interferia em minha prática clínica, dificultando o manejo da transferência e me submetendo a uma exigência superegóica.
No seu seminário Todo mundo é louco, Miller (2015b, p. 337) diz, eu cito: “psicanalistas não podem ser preparados pelo ensino, eles só podem ser preparados pela experiência”.
Para ensinar, é preciso ter um matema, uma fórmula leiga, que responda ao [...] para todo x [...] enquanto, na experiência, o saber ainda está por vir e sempre será válido apenas para um. O passe, precisamente, tenta transformar milagrosamente o saber de um sozinho, que vem da sua experiência, em material de ensino para todos. (MILLER, 2015b, p. 337)
De fato, foram os efeitos da minha experiência de análise na minha formação que mudaram decisivamente a minha prática. Não foi de um dia para o outro, foi um processo gradual, que eu só cheguei a compreender no final, e que eu senti a necessidade de compartilhar com a Escola, através do passe.
Terceiro ponto: A língua inglesa e Nova York
O caminho para a construção e travessia da fantasia fundamental não é linear. Eu relatei o pesadelo, mas também houve outros eventos decisivos que perturbaram a defesa e tiveram relevância para a minha análise. Um deles aconteceu em Nova York e sempre provocou minha curiosidade.
Eu mencionei anteriormente que o significante que nomeava meu sintoma histérico era “Garrapata” [“carrapato”], e decidi traduzir esse significante como “Hanger-on”. “Garrapata” em espanhol inclui o verbo “agarrar”. Precisamente um carrapato é um parasita que “agarra” [“grabs on”], pendurando [“hanging”], ou “grudando” [“clinging”], ou “preso” [“caught”], no corpo de um outro.
Pode não ser fácil para um falante de inglês ouvir o verbo “agarrar” no significante “Garrapata”, mas o interessante é que eu descobri o valor de gozo na relação de ambos os significantes graças à língua inglesa.
Eu estava andando com um amigo em Nova York, quando, de repente, tropecei e cambaleei; então, a outra pessoa disse: “I caught you!” [“te peguei!”] e me segurou pelo braço, impedindo-me de cair no chão.
Ouvir aquela expressão e sentir o gesto no meu corpo provocou um impacto subjetivo imediato que continuou por vários dias.
Eu pude relatar o episódio ao meu analista, e fiquei me perguntando sobre qual elemento inconsciente havia desencadeado a situação.
Aos poucos, uma série de memórias se revelou. A mais relevante delas veio meses depois, no final de uma outra viagem para Nova York. Eu estava em um avião, retornando para a Argentina. Lembrei-me de que minha mãe costumava dizer que eu quase nasci em um avião.
Aconteceu que, após o nascimento da minha irmã mais velha, minha mãe perdeu dez gravidezes, em diferentes estágios de gestação. Eu nasci do tratamento número onze, para o qual minha mãe teve que viajar de avião semanalmente até a cidade onde o médico residia. Lembrei-me de que ela havia me contado que, durante aquela gravidez, falava com a criança que carregava em seu corpo, então liguei para ela para perguntar sobre isso e ela respondeu: “Quando eu estava grávida de você, eu te disse para agarrar firme” [“to hang on tight”].
Já no consultório, o analista exclamou: “Você encontrou a marca original!”.
No decorrer daquele dia, o programa de gozo que organizou minha vida tornou-se claramente legível para mim e, ao mesmo tempo, tornou-se clara a fórmula da fantasia fundamental: “Hung on to the other” [“agarrado ao outro”].
O final da minha análise estava muito próximo e, ainda assim, eu continuava me perguntando por que todo aquele movimento subjetivo havia sido desencadeado por uma expressão inglesa: “I caught you” [“te peguei”].
De repente, uma noite, surgiu uma ideia muito vaga que eu precisava verificar urgentemente. Às duas da manhã, comecei a vasculhar algumas caixas antigas nas quais guardo lembranças da adolescência, e, lá estava, encontrei a primeira carta de amor que recebi. Lembrei-me imediatamente do impacto no meu corpo quando a li, aos dezesseis anos, e, de fato, aquela carta foi escrita em inglês.
Quando cheguei à minha análise e recontei a minha descoberta, senti que já era suficiente, compreendi melhor por que a língua inglesa tinha um efeito particular sobre mim e não pude ir mais longe.
No entanto, depois de ser nomeado AE, algo dessa questão reapareceu, e este convite para falar com todos vocês deu-me a oportunidade de ir mais longe desta vez.
Miller diz que a qualidade de um analista só é obtida levando a experiência analítica à sua conclusão. E, no entanto, terminada a análise em si, eu cito:
Vocês só durarão como analistas com a condição de permanecerem [...] psicanalisando sua própria relação com o sujeito suposto saber, porque seu inconsciente não está reduzido a zero [...]. O inconsciente está sempre aí, com o dever que lhe é imposto de continuar decifrando-o, lendo-o. (MILLER, 2011)
De fato, a função do AE não é repetir o que já sabe sobre o seu caso em cada texto que produz, mas ousar olhar além para aquilo que resta opaco e colocar esse material a serviço da comunidade analítica.
Voltei à minha antiga pergunta graças a este convite e me deparei com um texto de Serge Cottet (2007, p. 762) que se questiona sobre os efeitos para um analisante do uso de uma língua diferente da sua, eu cito: “Na passagem de uma língua para outra, há uma transferência de gozo: desfruta-se menos do significante cujos tesouros são desconhecidos, mas, por outro lado, se é mais franco com o sentido. Vai-se direto ao ponto, com menos evasões, menos desvios”.
Cottet (2007, p. 762) afirma que, muitas vezes, quando outra língua que não a língua materna aparece em um analisante, “o demônio da modéstia, que habita a língua, cai. [...] Há tabus próprios da língua materna que caem, imperativos que caem por terra, frases fixas intraduzíveis. Os laços da língua materna com o supereu são enfraquecidos”.[3]
Foi muito interessante para mim encontrar essa referência e articulá-la com a minha própria experiência porque, de certa forma, a Associação Mundial de Psicanálise é uma comunidade multilíngue; a maioria de nós passa de uma língua para outra não apenas quando estudamos ou transmitimos psicanálise, mas também quando analisamos, supervisionamos ou somos analisantes. É interessante investigar que efeito essa passagem de uma língua para outra tem na análise.
Ao que me concerne, essa referência me permitiu dar mais um passo para compreender o “I caught you!” [“te peguei!”]. E agora sinto que isso é o suficiente para mim.
No entanto, vocês ainda podem me perguntar: essa é a explicação definitiva? Finalmente captei todo o valor de tal evento? Não sei, mas o interessante é que também não espero saber hoje. Porque a minha experiência analítica também mudou a minha exigência em relação ao saber e ao real.
Aliás, para concluir esta intervenção, gostaria de relembrar outro acontecimento ocorrido em Nova York, que também teve efeitos memoráveis na minha análise.
Ao final de uma Jornada de Estudos Clínicos, comecei a sentir uma dor de cabeça característica que costumava sentir sempre que falava por muito tempo em um idioma diferente do espanhol, e resolvi então sair mais cedo do coquetel. Na rua, encontrei uma colega de Paris que foi convidada para o evento. Ela me perguntou por que eu estava indo embora; conto a ela sobre a dor de cabeça e pergunto se ela não teve dor de cabeça depois de passar um dia inteiro tentando entender tudo em inglês. Ela me responde que não teve esse problema, e então, brincando, eu digo a ela: “Bom, você sempre foi mais inteligente que eu”, e me despeço. Quando me afastei cinco metros, ouço ela gritar comigo: “Não me acho mais inteligente, só não procuro entender tudo”. Eu, então, comecei a rir.
Naquela noite, resolvi voltar a pé para o meu hotel, no outro lado da cidade; atravessei Nova York gargalhando e com uma sensação de liberdade sem precedentes. Eu ainda não sabia que esse sentimento existia porque estava começando a subjetivar que nem tudo pode ser pegado [“caught”], e uma análise também é útil para sabermos o que fazer com isso.
Tradução: Marina Ladeira
Revisão da tradução: Vinicius Moreira Lima
Referências
COTTET, S. Éloge de L’Analyse en langue Étrangère. L’Information Psychiatrique, v. 83, 2007.
https://www.cairn.info/revue-l-information-psychiatrique-2007-9-page-759.htm
MILLER, J.-A. Cómo se deviene psicoanalista a comienzos del siglo XXI. El Caldero de la Escuela Nueva Serie, N. 15, 2011.
MILLER, J.-A. Cláusulas de clausura de la experiencia analítica. In: Seminarios en Caracas y Bogotá. Buenos Aires: Paidós, 2015a, p. 227-238.
MILLER, J.-A. Todo el mundo es loco. Buenos Aires: Paidós, 2015b.
[1] Trabalho apresentado na atividade “Clinical Study Days 15: ‘The Empire of Images’”, da New Lacanian School (NLS/AMP), em Nova York, nos dias 10 a 12 de fevereiro de 2023. Gentilmente cedido pelo autor.
[2] Nota do Tradutor: A tradução inglesa do texto elegeu o significante “Hanger-on” para tradução de “Garrapata” (em inglês “tick”, e em português “carrapato”) pois esse significante em inglês faz referência tanto a “garra” (“se agarrar”, “ter garra”, a garra de um animal) quanto a “pata” e “pato”, tal como foi mencionado no primeiro testemunho de passe, em direção a “pathos”. Em português manteremos os significantes nas línguas inglesa e espanhola pela importância que as duas línguas possuem para o autor.
[3] Nota do Autor: Dans ce passage d’une langue à l’autre, il y un transfert de jouissance: on jouit moins du significant don’t ignore les trésors mais, en revanche, on est plus franc du collier avec le signifié. On va droit au but avec moins de dérobade, de détours, moins de pudeur aussi… [...] J. Lacan dit: “imposible de bien dire sur le sexe”, nous ajoutons: dans sa propre langue. C’est déjà plus facile dans la langue étrangère: le démon de la pudeur tombe, il habitait la langue. [...] Il y a des tabous propres à la langue maternelle qui tombent, des impératifs qui se détachent, des syntagmes figés intraduisibles. Les attaches de la langue maternelle avec le surmoi se desserrent”