Caros leitores,
tenho a satisfação de apresentar o número 9 da Derivas Analíticas, Revista de Psicanálise e Cultura, da Escola Brasileira de Psicanálise - Seção Minas Gerais.
Começamos pela rubrica Mathesis, onde publicamos o texto de Ram Mandil, apresentado no Seminário Preparatório para a XXII Jornada da Escola Brasileira de Psicanálise - Seção Minas Gerais: “O inconsciente e o mestre contemporâneo, o que pode a psicanálise?”, realizada em outubro de 2018. O texto faz um percurso generoso por conceitos fundamentais da psicanálise, enfrentando questões políticas fundamentais do nosso tempo.
Nesse mesmo viés, temos a contribuição de Cleyton Andrade, psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e professor universitário em Maceió, a partir do tema do XXII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: “A queda do falocentrismo: consequências para a psicanálise”. Seu texto, intitulado “De hordas e alcateias”, nos propõe pensar a conjunção entre clínica e política.
Em Aquele texto, trazemos Helene Deutsch com o texto intitulado “Frigidez nas mulheres”. Ele é bastante instigante não só pelo tema que aborda, mas também pelo que transmite do estilo de Deutsch. Podemos sentir na escrita os efeitos de sua longa experiência como psicanalista e a forma despojada com que ela discute os embaraços de homens e mulheres com a expectativa do orgasmo vaginal, chamando a atenção para o imperativo da performance sexual, que já acontecia nos anos 60.
Trazemos também nesta rubrica um texto de Luiz Henrique Vidigal, nosso querido colega que faleceu em janeiro de 2018. O texto “Filhos” foi apresentado em 2011, por ocasião de um congresso de membros da EBP, realizado na cidade de Tiradentes, cujo tema era: “Os limites do simbólico na experiência analítica hoje”. Luiz Henrique nos convida a pensar a formulação dos três registros no ensino de Lacan. Imaginário, Simbólico e Real nos são apresentados de uma forma divertida e generosa, marca de sua transmissão. Somos gratos à contribuição decidida de Luiz Henrique ao trabalho de sustentação da Psicanálise de Orientação Lacaniana em Minas Gerais e no Brasil.
Em Você disse contemporâneo, temos o artigo de Maria Elisa Almeida, que trabalha há quase 30 anos como narradora do texto poético de Guimarães Rosa e formadora de jovens narradores através do Projeto Miguilim. Ela nos apresenta os elementos da pesquisa que vem desenvolvendo como doutoranda do curso de Artes Cênicas da UFMG.
O belo texto de Márcia Rosa comenta o trabalho de Adriana Varejão, artista muito afinada com a questão da contemporaneidade. Para ser contemporâneo é preciso certa desconexão com seu tempo, afirma a autora apoiada em Nietzsche e outros pensadores. Márcia nos conduz pela história do título da obra “Celacanto provoca maremoto”, mostrando ao leitor como uma obra de arte contemporânea pode funcionar como sintoma a ser interpretado.
Finalmente, na rubrica Entrevista, resenha etc. e tal temos duas entrevistas: uma com o artista Efe Godoy, realizada por Lisley Braun, e outra sobre Arte Popular com Tadeu Bandeira, realizada por mim no Centro de Arte Popular de Belo Horizonte.
Temos ainda o texto de Marcela Antelo, nossa colega da Bahia, que, com seu humor e agilidade, discute as formas de saber, definindo a via específica da psicanálise. O texto de Marcela, apresentado em um Colóquio de Filosofia, discute que tipo de saber é a psicanálise e como ele se relaciona aos outros saberes.
Ainda na conversa da psicanálise com as artes plásticas, temos o saboroso texto de Lilany Pacheco, que comenta o quadro de Gustave Courbet, A origem do mundo. Lilany nos apresenta as peripécias da história dessa obra, que acabou sendo adquirida por Lacan.
Angélica Freitas é a poeta deste número da Derivas. Publicamos aqui um dos poemas que faz parte do seu belo livro Um útero é do tamanho de um punho.
Agradeço aos autores que participaram deste número: Angélica Freitas, Cleyton Andrade, Lilany Pacheco, Marcela Antelo, Maria Elisa Almeida, Márcia Rosa e Ram Mandil.
Agradeço também a Luciana Silviano Brandão, pela tradução do texto de Helene Deutsch, e a Cristina Vidigal, pela autorização da publicação do texto de Luiz Henrique.
Nosso agradecimento a Tadeu Bandeira pela entrevista e especialmente a Efe Godoy, artista plástico que cedeu suas imagens para este número.
Boa leitura!
Lúcia Grossi