EDITORIAL - 11
A nova equipe da Derivas Analíticas assumiu com entusiasmo o legado deixado pelas direções anteriores.
Neste número, inspiramo-nos na atmosfera que envolve a questão do Imaginário no último ensino de Lacan e a sua experiência no final de uma análise. Na ausência do simbólico, Lacan, em seu seminário Momento de concluir, diz que é preciso imaginar o Real.
O texto de Jésus Santiago nos orienta nesse caminho onde o Imaginário ganha outro status na teoria e no tratamento, e o texto antigo que recuperamos de François Regnault colabora com essa reflexão. A equipe encontrou dificuldades para achar as imagens que poderiam ilustrar a publicação; a novidade e dificuldade do assunto certamente incidiram no embaraço produzido por essa escolha.
O restante do material seguiu a ideia de buscar coordenadas para situar o problema naquilo que ele ressoava. Nesse sentido, o texto de Gilson Iannini sobre o Estranho, um exemplo de escrito, e a entrevista com Bárbara Colen, artista do filme Bacurau, sobre as imagens e sua experiência na filmagem trazem uma ilustração que alimenta nossa imaginação. O trabalho da artista Mariana Rocha, sobre os corpos e a morte, segue o mesmo viés provocador.
Introduzimos um formidável e esclarecedor texto de Antonio Beneti sobre política e psicanálise. Esse texto, além de oportuno para nosso momento histórico, dá as balizas para leituras de nossa posição enquanto psicanalistas frente aos fenômenos tipificantes que podemos encontrar por todos os lados neste momento.
Os pequenos depoimentos dos Analistas das Escolas da Associação Mundial de Psicanálise testemunharam, nas suas singularidades, sobre essas imagens surgidas no momento do Passe. Além disso, mostram que a eficácia da psicanálise pode trazer respostas para o falasser e suas relações.
Os poemas de Carlos Ávila nos trazem aquele ar da escrita que nos interessa por remeter ao acaso: “ o poeta pedestre, segue ao vento, sem metro ou mestre”.
Gostaria de agradecer imensamente à equipe, que trabalhou com alegria e energia neste número, como também aos colegas que aceitaram com generosidade dar aqui sua contribuição. Agradeço ainda a Randolpho Lamonier, por nos ceder prontamente imagens de seu importante trabalho, e à galeria de arte Periscópio, que gentilmente nos deu acesso a elas.
Espero que este número contribua para tocar nossa imaginação, ampliar o desejo de seguirmos no caminho de nossa formação e fomentar as trocas e o enriquecimento por onde a Psicanálise deriva.
Boa leitura!
SÉRGIO DE MATTOS