Freud analisante[1]

Serge Cottet[2]

 

O inconsciente é Roma cidade aberta

Alguém se torna analista analisando seus sonhos. Essa é, de acordo com Ernest Jones, a resposta de Sigmund Freud à questão sobre como tornar-se analista. A autoanálise de Freud, conduzida ao longo de sua existência por meio da análise dos sonhos, dos lapsos e dos atos falhos, foi, portanto, a via real para a psicanálise: “Eu lhe disse que meu paciente mais importante foi eu mesmo[3]”, escreveu ele a Wilhelm Fliess. Jacques Lacan admite essa orientação escrevendo: “Quem soube melhor que ele, ao declarar seus sonhos, desfiar a corda pela qual desliza o anel que nos une ao ser?”[4].

Ao mesmo tempo, Freud a considera impossível. Lacan, ao contrário, a considera, embora escrita, uma análise, e não uma autoanálise[5]. De fato, ela não é introspecção privada, mas exposição. Tem um endereçamento na correspondência e nos artigos; foi até mesmo publicada na Interpretação dos Sonhos (1900), Psicopatologia da vida cotidiana (1904) ou no Estudo autobiográfico (1925). Freud sonha por nós, constata Lacan a propósito do sonho de Irma[6]. Esse material é mais confiável do que as biografias contemporâneas que se perdem na decodificação do inconsciente de Freud, como no labirinto de uma intriga policial, feita de segredos de família e indícios suspeitos de libido mal situada. Pode-se lembrar que, ao modo dos médicos vienenses que tomavam a si próprios por pacientes experimentando seus achados medicamentosos, Freud – que o fez com a cocaína – interessou-se por seus próprios sonhos desde os oito anos de idade. É antiga a sua identificação com José que decifra os sonhos do faraó.

No entanto, foi preciso o luto de seu pai para que ele fizesse sua Selbst-analyse[7] com a Traumdeutung[8]. Ele é surpreendido pela persistência dos sonhos com Roma[9], dos quais quatro pontuam as etapas do reconhecimento de um contido desejo de conquista. Por trás da Roma antiga, cidade que lhe é interditada, como o foi ao rebelde Aníbal, abre-se a passagem para a Roma cristã e seu papa. É Roma cidade aberta, mas fechada durante a noite. O sonho de 26 de outubro de 1896 o confirma: Pede-se fechar os olhos/um olho”[10]. Este sonho conjuga a culpabilidade do sobrevivente no Vatercomplex [complexo paterno] com a transgressão do saber. A maior parte dos sonhos de morte de pessoas queridas que atravessam sua obra é autobiográfica; um deles, “Notícias de seu filho no front”, de 1919, bem escondido numa nota, confronta o sonhador com o pensamento de uma notícia ruim. Freud reconhece aí o ciúme de um velho pai para com a juventude.

A autoanálise de Freud é, primeiramente, um meio de verificar nele mesmo a regra da decifração aplicada em seus pacientes – a saber, a pesquisa relativa à coordenação de um conjunto de sonhos – e a constatação de que o próprio sintoma tem duplo sentido, como nos sonhos e nas piadas judias. Seu modo de progredir, a princípio especulativo, não demora a levá-lo rumo a abismos; é Freud-Champollion[11] antes da passagem para Freud-edipiano.

Por exemplo, ele dá grande importância ao paciente nomeado E nas cartas a Fliess, que foi analisado durante cinco anos, de 1895 a 1900. Na correspondência de Freud, esse paciente ganha cada vez mais importância. Ao desmontar o significante Käfer [besouro] numa fobia, o paciente descobre que a palavra devia ser entendida em francês: Que faire?[12]. Tal era a fórmula repetida por sua mãe que, perplexa no momento de se casar, libertou, assim, o segredo de sua mortificação obsessiva[13]. Freud, que aprendeu muito com ele (sobretudo o sentido de sua fobia por trens), felicitou-o e ofereceu-lhe um quadro de Édipo e a Esfinge.

Assim, é como analisante que Freud escuta seus pacientes: “Eu mesmo vivo tudo o que pude observar enquanto ouvinte de meus pacientes” [14]. O neurótico o interpreta. Nessa transferência com o analisante, ele supõe a ciência incluída no inconsciente do Outro. Os sonhos e sintomas de seus pacientes entram de tal forma em interação com suas próprias formações do inconsciente que ele faz, nesta época, o recenseamento sistemático disso. Ele aplica a si mesmo a regra da associação livre, não calcula mais e espera que a Einsicht[15] ou o Einfall[16], a surpresa, se produza[17]; é com essa disposição que ele escreve o capítulo VII da Interpretação dos sonhos.

Não sem riscos, pois as coisas se complicam nos anos 1897-1898. Depressivo e obcecado, Freud passa para a autoclínica: ele diagnostica em si mesmo uma pequena histeria[18]. A autoanálise se estende, vai dos sonhos às recordações da infância[19] ; ele quer tocar o real da sexualidade e duvida do trauma pelo adulto. Aos quarenta e três anos, ele interroga então sua mãe sobre suas lembranças de infância e procura verificar o Édipo em si mesmo.

Ora, mas nem tudo “cola”, notadamente no que concerne ao ódio pelo pai – nesse ódio, encontra-se muito mais o desejo de imortalizar o pai. Por outro lado, a rivalidade fraterna é muito pregnante nesta família reconfigurada. Veremos Freud, ao longo de sua vida, sublinhar essa ambivalência com relação ao alter ego – amigo e inimigo – que ele mesmo atribui à sua rivalidade com seu sobrinho John (além de Julius, seu irmão morto). Porém, é sobre seu meio-irmão Philippe, vinte anos mais velho, que (se) cristaliza o ódio edipiano. O máximo desse ódio aparece quando sua mãe está grávida de seu futuro irmão Alexandre. A confrontação com o incesto é mais tardia e indireta. É mais uma vez um sonho de um paciente que desencadeia nele a recordação de ter visto sua mãe nua[20].

O mesmo acontece com relação à castração; é um garoto de quatorze anos que o coloca nesse caminho, de um modo atípico: ele se vinga de seu pai castrando-o. Passa-se então ao mito de Chronos; Freud vai do mito à estrutura, constatando por ele mesmo a legitimidade dessa relação com a sexualidade infantil. Dois casos bastam, então, para concluir um universal, desde que se extraia daí uma causalidade que, aqui, é a realização de um desejo da infância. Assim, o último sonho da Traumdeutung, “Mãe querida e personagens com bicos de aves”, confronta Freud com a castração; é um pesadelo ocorrido aos oito ou nove anos, com sua mãe morta. Trinta anos depois, a culpabilidade do desejo a ele se impõe, como sonho de autopunição.

A Einfall não é, portanto, uma identificação imaginária ao paciente, como em Theodor Reik (que abusará disso); é a experiência do Outro que oferece a Freud “um daqueles relances com o qual se surpreende o verdadeiro”[21]. Inversamente, a teoria da sedução não funciona mais para o próprio Freud – ele não é traumatizado pela perversão do pai -, mas, ao contrário, em suas lembranças precoces, é por ele ameaçado. É uma boa razão para abandonar a Neurotica; aqui, também, a mesma regra: uma única experiência basta. Se Freud faz exceção ao credo da sedução, não é mais questão de generalizá-la. É difícil interpretar seus sintomas em termos de histeria traumática desde que descobriu, em 1898, a sexualidade infantil com os sonhos de nudez; assim, o sonho “Subir as escadas”[22] o transporta para a época de seu terceiro ano de vida. A teoria da sedução desmorona diante da divisão do Freud sábio (savant) e do Freud analisante: o distanciamento não é mais possível. Freud, analista antes mesmo de ter sido analisante, recupera o prejuízo. Ele o paga com uma recrudescência dos sintomas: seu medo da morte, sua inibição, sua depressão, seu receio da sífilis, seu medo das mulheres – tantos afetos concomitantes à sua descoberta[23]. 

Autodissecação 

Freud analisante é, primeiramente, a ultrapassagem do discurso médico ou universitário em direção ao discurso histérico; em seguida, a manifestação de um desejo de saber desconhecido e inédito. Em uma grande parte de sua Traumdeutung, ele crê poder manejar o mais íntimo. Ele permanece no discurso da ciência. Se esta exige transparência, é até certo limite, aquele que as cartas a Fliess – novo endereço muito confidencial – ultrapassam. Freud só entra verdadeiramente no discurso analítico com a renúncia ao álibi que constitui a anatomia do sistema nervoso, pela qual se interessava há pelo menos uns dez anos.

Um sonho, que ele considera pivô de uma mudança de discurso, testemunha isso – é o sonho “Dissecação de sua própria bacia”, de maio de 1899. Sob o olhar do velho Brücke, Freud vê imposta a tarefa de dissecar o próprio corpo – em uma época em que, até 1900, ele ainda publica artigos sobre as paralisias cerebrais infantis. A dissecação, indolor no sonho, provém de uma inquietante estranheza; coagiram-no, em nome da ciência, a testemunhar em público sua descoberta, ou seja, aquilo que a ciência forclui; diríamos que é o Wo es war, soll ich werden (Onde o isto estava o eu de advir) de Freud em sua própria defesa.

Ernest Brücke, mentor de Freud até 1890 e mestre admirado, intervinha energeticamente para forçá-lo a publicar. Um deslocamento se faz quanto à Interpretação dos sonhos que demora a ser lançada. Ele esperou cinco anos, de fato, antes de publicá-la. A inibição traduz uma assunção difícil do desejo: homem de desejo, diz Lacan, “um desejo que ele seguiu a contragosto”[24] e sem ter nenhuma vocação para a terapêutica, como indica, notadamente, sua conversão tardia pela medicina.

No sonho com Ernest Brücke[25], Freud faz a ponte permitida pelo jogo de palavras e ultrapassa a fronteira entre cérebro e inconsciente. Tal é a verdadeira castração: a conquista da psicanálise é um mais-de-saber que é uma amputação do ser, conforme testemunha a fadiga psíquica dessa época e sua depressão epistemológica[26].

A análise de Freud não é somente a articulação para ele mesmo do Édipo e do complexo de castração que lhes são sugeridos por seus pacientes; é também a dessuposição de um saber feito para mascarar o inconsciente transmitindo-lhe o Ideal para alcançá-lo; dessuposição progressiva, articulada e pontuada por nomes próprios, que são como escadas dobráveis (escabelos) que marcam as etapas de sua Bildung (formação). É a série dos Nomes-do-Pai relacionados à ciência e com os quais Freud se identificou. Eles dão continuidade a seus heróis de infância: descobridores e conquistadores.

O ato se sustenta como um dizer censurado: “Pais, vocês não veem com qual ambição eu queimo?” – Brücke, seu mestre, pai severo que o olha; Ernst Fleischl, seu assistente, morto prematuramente por excesso de cocaína, resultado de um excesso de zelo do próprio Freud; Jean-Martin Charcot, o mais admirado, ainda que advertido quanto à sexualidade; Theodor Meynert, Ideal-do-eu por um tempo em sua clínica psiquiátrica e, depois, desidealizado como o mais sublime dos histéricos masculinos; Breuer, desajeitado, aprendiz de feiticeiro da catarse histérica, acusado de lhe fechar as portas em Viena. Em relação a essas grandes figuras, imputadas por ele à sua ambivalência paterna, Freud permanece no discurso do mestre a fim de querer tomar aí seu lugar, de se fazer um nome no Panteão da ciência. Elas não são os sustentáculos de um saber suposto: sabem realmente alguma coisa, mas fecham a porta para o inconsciente.

Fliess, ao contrário, abre essa porta. Ele sai da série dos Nomes-do-Pai; é, segundo Lacan, o “sujeito suposto-saber”, e é interessante utilizarmos aí esse sintagma, evocado rapidamente por Octave Mannoni em “A Análise original”, publicado no mesmo ano de 1967[27].

Para Lacan, Freud é analisante em relação a Fliess, e, no período no qual ele lhe escreve, uma verdadeira elaboração de saber é suscitada: “Você é o outro único, der einzige Andere, der alter”, ele lhe diz[28] – digamos, o mais-um de um novo saber.

O analisante Freud supõe que Fliess saiba alguma coisa? Certamente, sim, sobre fisiologia, bissexualidade orgânica, sexualidade infantil – ele prevê o sexo de suas crianças e observa o retorno periódico das ereções de seu filho[29] – mas, sobre o inconsciente, não sabe absolutamente nada. Os biógrafos se espantam, então, que esse “charlatão”, esse “fuçador de narizes”, como diz Lacan[30], inventor delirante de um tipo de numerologia, tenha podido servir de catalisador transferencial ao inventor da psicanálise. Uma folie à deux (loucura a dois) segundo o diagnóstico de James Strachey, entre um histérico e um paranoico. Divisão de Freud. Constata-se que o ceticismo de Freud sobre a periodicidade e a numerologia sustentadas por Fliess é tardio, ao passo que as obras freudianas publicadas, pode-se dizer, sob transferência, não carregam marca alguma disso e provêm de princípios estritamente opostos. Seu receio supersticioso de morrer aos 51 anos, produto do malabarismo de Fliess (28+23=51), não se sustenta. Ele se acentua depois da publicação da Interpretação dos sonhos.

Um poema dedicado a Fliess por ocasião do nascimento de seu segundo filho, em 1899, apresenta o segredo dessa estranha transferência: “Salve o filho valente que, sob a injunção do pai, surgiu na hora certa para ajudá-lo e para cooperar com a ordem sagrada. Mas salve também o pai que, pouco antes, encontrou no cálculo o recurso para conter o poder do sexo feminino”[31]. Freud não se esquecerá jamais dessa fobia da feminilidade que o orienta para a interpretação do sintoma, nos dois sexos, como defesa contra a castração; o apelo ao pai todo-poderoso para conter o gozo feminino é um índice de sua neurose. Quanto à teoria de Fliess, ela é interpretável como suplência delirante à foraclusão da castração, que retorna no real do ciclo [menstrual]. Essa adesão prolongada de Freud, ao menos até 1916[32], é apenas superstição; a crença de Freud não se reduz à homossexualidade sublimada, nem a um sintoma obsessivo, nem a um resto de mística judaica. Ela traduz um choque específico com o real do sexo, com um impossível que torna Freud passível de análise interminável, tal como lhe aconteceu, efetivamente, e também a seus biógrafos. É a sua maneira de ser pego pelo real (être dupe du réel). 

Limites da autoanálise
 

Fliess é um sintoma para Freud, que o analisará como tal na sua correspondência, mas que já o entrevê no fim da Traumdeutung com o sonho “Meu filho, o míope” e sua derrisão da bilateralidade, a “bi-bi”[33].

A autoanálise prossegue na Psicopatologia da vida cotidiana, de 1904, e sobretudo na edição de 1907, no capítulo XII, consagrado à diferença estrutural entre superstição como sintoma obsessivo e negação de todo acaso no delírio paranoico. Mas é sobretudo nos anos 1910-1913 que Freud esclarecerá o fato de que uma parte da libido dita homossexual pode ser sublimada no saber: “Venci lá onde o paranoico fracassou”, escreve ele a Sándor Ferenczi, em 6 de outubro de 1910[34]. Muito bem, professor! Continue célebre, essa luminosa fórmula consagra o Freud analisante como artesão da análise das resistências, pois é por sua emancipação do saber de Fliess que a psicanálise escapa do delírio da interpretação. Para Fliess, nenhuma glória, a análise se fez sem que ele o soubesse. Lacan sublinha essa dissimetria no contexto do passe e da nomeação àquela época: “Freud não podia ser seu próprio passador, e [...] foi justamente por isso que ele não podia liberar Fliess de seu des-ser”[35].

A relação com Fliess havia começado com uma transferência de trabalho; ela acaba desembocando em um trabalho de transferência às avessas de um tratamento-padrão, e vai prosseguir para além de 1912. Freud, em suas cartas para Jones e Ferenczi, à época em que rompe com Jung, interroga-se sobre essa sublimação. Em vez de homossexualidade sublimada, preferiremos falar de seu pendor sublimado com relação às mulheres. Escaldado, Freud não crê mais nas amizades masculinas, nem nas inversões da relação filho-pai depois de desistir, mais uma vez, de um herdeiro (Otto Rank).

Jones estabelece a série das figuras femininas que levam vantagem frente às amizades desapontadas: Minna Bernays, Emma Eckstein, Lou Andreas-Salomé, Joan Rivière, Marie Bonaparte[36]. Estas, sobretudo em 1925, suscitam em Freud um desejo de saber que encontra, entretanto, seu limite no enigma da feminilidade; aí, ainda, a análise é interminável.

Lacan contesta, portanto, o sintagma da autoanálise. Mesmo sendo um tratamento fracassado, uma writing-cure, um tratamento pela escrita, é como analisante que Freud passou a psicanalista[37]. Os parâmetros da psicanálise lacaniana são verificados aí, não menos que em outro lugar, na dimensão de miragem pela qual uma análise opera e que consagra a “derrocada constituinte” do psicanalista para o analisante[38]. A autoanálise de Freud é esse fracasso que, de boa maneira, faz da exceção a regra; ela faz de nós hoje seus passadores, e serve de contra-experiência em relação a toda formação acadêmica.

 

Tradução: Ednei Soares.

Revisão: Sérgio Laia.


 

REFERÊNCIAS

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[1] N.E.: Texto publicado originalmente em La Cause freudienne, Nouvelle Revue de Psychanalyse, n. 74, p. 9-15, 2010. Agradecemos a Serge Cottet a autorização para esta tradução e publicação na Correio.

[2] Analista Membro da Escola (AME) pela École de la Cause freudienne (ECF) e pela Associação Mundial de Psicanálise.

[3] FREUD, S. Lettres à Wilhem Fliess: lettre n. 75 du 14 novembre 1897. In: FREUD, S. La naissance de la psychanalyse, Paris: PUF, 1956. p. 205.

[4] LACAN, J. La direction de la cure et les principes de son pouvoir. In: _____. Écrits. Paris: Seuil, 1996. p. 642.

[5] Cf. LACAN, J. Première version de la “Proposition du 9 octobre 1967 sur le psychanalyste de l’École”. In: Autres Écrits. Paris: Seuil, 2001.

[6] Cf. LACAN, J. Le Séminaire: Livre II: Le moi dans la théorie de Freud et dans la technique de la psychanalyse, 1954-1955. Paris: Le Seuil, 1978. p. 194-195.

[7] N.T.: Autoanálise em alemão.

[8] N.T.: A interpretação dos sonhos, em alemão.

[9] Cf. ANZIEU, D. L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse. Paris: PUF, 1975. t. 2, p. 252-256.

[10] Cf.FREUD, Sigmund. L'interprétation des rêves. Paris: PUF, 1967. p. 150.

[11] N.T.: O autor faz aqui uma analogia ao linguista e egiptólogo francês Jean-François Champollion, célebre pela decifração dos hieróglifos egípcios.

[12] N.T.: “O que fazer?” em português.

[13] Cf. FREUD, S. Lettres à Wilhem Fliess: lettre n. 79 du 29 décembre 1897. In: _____. La naissance de la psychanalyse, p. 213-214.

[14] FREUD, S. Lettres à Wilhem Fliess: lettre n. 72 du 27 octobre 1897. In: FREUD, S. La naissance de la psychanalyse, p. 200.

[15] N.T.: Die Einsicht pode ser traduzido por “introspecção”, “intelecção”, mas parece se referir, nesse contexto, sobretudo ao que é chamado de insight, ou seja, à conclusão com relação a um enigma, ao que era desconhecido ou não era entendido.

[16]N.T.: Der Einfall pode ser traduzido como “incidente”, “ocorrência”, mas parece-nos designar especialmente a “contingência”, o “imprevisto”.

[17] Cf. REIK, T. Le psychologue surpris. Paris: Denoël, 1976. p. 47, 67.

[18] Cf. ANZIEU, D. L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse, p. 317.

[19] Cf. GAY, P. Freud, une vie. Paris: Hachette, 1991. p. 114.

[20] Cf. ANZIEU, D. L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse, p. 317.

[21] Cf. LACAN, J. La direction de la cure et les principes de son pouvoir. In: _____. Écrits, p. 625.

[22] Cf. FREUD, S. L'interprétation des rêves, p. 209.

[23] Cf. ANZIEU, D. L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse, p. 579-580.

[24] Cf. LACAN, J. La direction de la cure et les principes de son pouvoir. In: _____ Écrits, p. 642.

[25] Nota da revista La Cause freudienne: Die Brücke significa a ponte e ernst, significa sério.

[26] Cf. ANZIEU, D. L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse, p. 446, 552.

[27] Cf. LACAN, J. Proposition du 9 octobre 1967 sur le psychanalyste de l’École. In: _____. Autres écrits, p. 253. Lacan, nesse texto, refere-se a um artigo de Octave Mannoni, lançado no mesmo ano: “L´analyse originelle” [Les temps modernes, n. 253, 1967].

[28] Cf. FREUD, S. Lettre n. 42 du 21 mai 1894. In: _____. Lettres à Wilhem Fliess, 1887-1904. Paris: PUF, 2006. p. 97.

[29] Cf. GAY, P. Freud, une vie, p.138 et seq.

[30] Cf. LACAN, J. Proposition du 9 octobre 1967 sur le psychanalyste de l’École. In: _____. Autres écrits, p. 253.

[31] FREUD, S. Lettres à Wilhem Fliess: lettre n. 231 du 29 décembre 1899. In: _____. La naissance de la psychanalyse, p. 499.

[32] Cf. FREUD, S. Lettre à Josef-Popper Lynkeus du 4 août 1916. In: _____. Correspondance 1873-1939. Paris: Gallimard, 1966. p. 341.

[33]FREUD, S. Lettres à Wilhem Fliess: lettre n. 152 du 22 décembre 1897. In: ANZIEU, D. L'auto-analyse de Freud et la découverte de la psychanalyse, p. 369.

[34] Cf. FREUD, S.; FerenCzi, S. Lettre à Ferenczi n. 171 du 6 octobre 1910. In: _____. Correspondence 1908-1914, p. 231.

[35] LACAN, J. Discours à l´École freudienne de Paris. In: _____. Autres écrits, p. 274.

[36] JONES, E. La vie et l'oeuvre de Sigmund Freud. Paris: PUF, 1972. t. 2, p. 445.

[37] Cf. Lacan, J.: Conférences et entretiens dans des universités nord américaines. Yale University, 24/11/1975: “Entretiens avec des étudiants, Réponses a leurs questions”. In: SILICET Paris: Seuil, 1976. V. 6/7, p. 36; e LACAN, J. Première version de la “Proposition du 9 octobre 1967 sur le psychanalyste de l’École”. In: _____. Autres écrits, p. 575-591.

[38] Cf. LACAN, J. Première version de la “Proposition du 9 Octobre 1967 sur le psychanalyste de l’École”. In: _____. Autres écrits, p. 578.

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