Derivas analíticas chega a sua 4ª edição! A revista prossegue com sua proposta de colocar em tensionamento a orientação lacaniana e o saber que se extrai das artes e da literatura. Ora tênue e sutil, ora mais eloquente, tal tensionamento faz certamente avançar a clínica e a teoria psicanalíticas.

Assim, na seção Mathesis, os textos de Elisa Alvarenga e Philippe Lacadée dialogam entre si. Os autores convocam e articulam noções – falasser, sinthoma, escabelo – cujos desdobramentos ganharão certamente novos contornos por ocasião do X Congresso da AMP: O corpo falante. Sobre o inconsciente no século XXI – Rio, abril de 2016. Essas noções, que procedem do chamado “último ensino de Lacan”, são, para os analistas de orientação lacaniana, balizas incontornáveis na clínica contemporânea, na qual se trata, precisamente, de encontrar soluções singulares para aquilo que, de uma análise, se decanta como impossível e intratável. Partindo da citação de Buffon, recuperada por Lacan na frase inicial dos Escritos, segundo a qual “estilo é o homem”, Gilson Iannini discorre sobre os deslocamentos que levaram Lacan a dizer que o estilo é o objeto.

O texto de Jacques-Alain Miller, que traduzimos e publicamos na seção Aquele texto pela atualidade de suas reflexões sobre a questão do racismo e da segregação, foi extraído de uma lição de seu curso Extimité, pronunciado há exatamente trinta anos. Nesse artigo, Miller circunscreve aquilo que a psicanálise de orientação lacaniana pode dizer sobre essas questões para além de suas implicações históricas, econômicas e sociais. O leitor poderá constatar o deslocamento operado por Miller ao afirmar que, de certa forma, a segregação do próprio gozo, o gozo como o mais íntimo de cada um, se encontra na base do racismo. Na mesma seção, resgatamos, também por sua atualidade, o belo texto de Heloisa Caldas, que convoca Lewis Carroll e considera As aventuras de Alice um “tratado sobre o falasser”.

Nos artigos da seção Você disse contemporâneo?, psicanálise, arte e literatura se entregam a um verdadeiro exercício de aproximações e distanciamentos. Por esse movimento, elas expõem toda a força que se libera de seus encontros sempre meio voláteis, sempre meio inapreensíveis. É o que você poderá conferir nos textos de Cristina Marcos e Fabiana Campos Baptista. Também nessa seção você poderá ler (e ver!) O corpo investigado na dança, entrevista concedida à revista por cinco bailarinas que nos expuseram um pouco de suas relações com o corpo e a dança.

Sinopses, resenhas, etc. & tal traz duas resenhas de livros. A primeira, escrita por Ednei Soares, contempla o recém-lançado Freud. Arte, literatura e os artistas. (Obras incompletas de Sigmund Freud, 3). Na segunda resenha Laura Rubião extrai os pontos candentes do livro Supereu/Uerepus. Da origem aos seus destinos, de Sérgio de Campos. Lúcia Grossi dos Santos comenta o documentário Retratos de identificação, de Anita Leandro, baseado nos arquivos da ditadura militar no Brasil. Por fim, Camila Nuic e Márcia Bandeira nos oferecem a tradução de “Língua estrangeira”, de N. Minor.

Derivas analíticas agradece a todos que colaboraram com este número da revista, especialmente as crianças que, muito generosamente, nos confiaram seus belos desenhos: suas cores e traços trouxeram a esta edição da revista uma graça toda especial! Agradecemos a cada um de vocês: Ana Júlia Carvalho da Silva, Flora Brina Beato, José Bianchi Zavagli, Pedro Almada e Samuel Carvalho Alkmin.

Boa leitura!

Yolanda Vilela

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